Não sou pedagogo nem psicólogo mais sou pai com experiência de 25 anos no ofício. A indagação que faço não encerra o tema, ela é abrangente e profunda. Não abordarei o que a Bíblia fala sobre criação de filhos e o relacionamento que os pais devem ter com sua(s) cria(s), talvez numa outra postagem. Vamos comigo?
Crises de Relacionamentos
É cada vez abissal as relações entre pais e filhos. Ultimamente, penso muito sobre esse abismo vertical e profundo. Dicas e sugestões são dadas, alguns “modelos” são implementados dia-a-dia em busca de solucionar o problema, mas sempre esbarra nele, como uma bola arremessada contra uma parede. Crises entre pais e filhos, são desde os primórdios da raça humana, desde nossos primeiros pais. A história narra às frustrações de ambas as partes. Acredito que a culpa maior recaí naqueles que vieram antes, ou seja, os pais (aqui me incluo). O filho(a) enquanto criança é forjada pelos pais/responsável, recebem dele(s) as primeiras doses do saber e são marcadas, a exemplo das rochas que são marcadas aos primeiros pingos. Os pais são os primeiros responsáveis na criação, independente, se delegam essa responsabilidade a terceiros, mas terão no mínimo um tempo de vida com sua cria para desenvolvê-las. É sabido que o exemplo é a melhor didática, entre tantas, responsável na formação da personalidade de uma pessoa, o que filhos veem em seus pais contribuem acentuadamente para serem o que são. O que os pais fazem e falam repercuti positivamente ou negativamente. Por isso insisto que os pais são antes dos filhos, responsáveis pela formação do seu caráter.
Existem pais “perfeitos” e filhos “tortos”?
NÃO! Como não existem pais “tortos” e filhos “perfeitos”! Existem pais e filhos que não conseguem mais se entenderem e passam a ser “inimigos” (no pior sentido da palavra) um do outro. O mundo pós moderno, com sua chama ao liberalismo e seus métodos ante paternos, bem como seus ideais de liberdades sem responsabilidades tem forjado geração de pais e filhos desproporcionais e indiferentes. De um lado pais que se acham “perfeitos”, que fizeram e fazem o melhor por seus filhos, dando-lhes a “melhor” educação, conforto, riquezas, etc. e tal, e por outro lado, vemos filhos “tortos” por falta de amor, aceitação, carinho e presença, mal educados, rudes e nem aí para seus pais, vivendo dissolutamente como se a vida fosse uma penumbra sem sentido algum. O mundo do faz-de-conta é uma realidade cada vez presente hoje: pais que fingem criar e filhos que fingem que são criados. Esse tipo de mundo é descomprometido e descompasso.
Cometi “erros” na criação dos meus filhos, e esses erros foram forjados em mim pelos meus pais (in memoriam), que também receberam se seus pais esses erros, mas isso é comum e inevitável, eu me somo a milhares de pais que vivem o mesmo: transmitem aos seus filhos o que recebem ou receberam de seus pais. Nem tudo é descartável! Aprendi valores com meus pais que carrego comigo para vida toda e sou muito grato a eles, mas também carrego coisas que poderia dispensar, até porque somos uma geração evoluída e atualizada (versão 2.0).
Nós pais, devemos responder ao seguinte Exercício: O que meus filhos acham de mim? Como eles entendem minha principal tarefa de educá-los? Como meus filhos me veem no dia-a-dia? Eu sou perfeito? Eu tenho feito o melhor? O que é o melhor para mim e o que é o melhor para meus filhos?
Assumir que fracassamos com os filhos só quando eles nos contrariam é o mesmo que chegar na Estação e perder o trem. Devemos nos antecipar e estar na estação antes do trem. Devemos assumir a culpa pelo mal que causamos e estamos causando aos nossos filhos por não lhes abrir os olhos quando podíamos e podemos fazê-lo, por negar-lhes à verdade de que não tínhamos e não temos condições financeiras de dar-lhes o que eles queriam e querem, por não lhes dar bronca ou castigo quando eles falharam e falham, por não o abraçarmos e elogiar quando acertavam e acertam…
Não há perfeição quando estamos continuamente tentando acertar, aprendendo e desaprendendo. JosinaldoM
E a Solução?
Não possuo uma “varinha mágica” para reverter o abissal entre pais e filhos, e sinceramente não sei onde vamos. O que preocupa são as estatísticas que mostram filhos matando pais e pais matando filhos ou o suicídio cada vez mais frequentes entre adolescentes e jovens abastados de tudo. São muitos os pedidos de socorro desesperado de pais atônitos diante de situações cada vez mais complexas.
Permita-me, encerrar com algumas dicas importantes:
1) Entenda que você não é e não faz coisas perfeitas;
2) Procure ser honesto consigo mesmo;
3) Não delegue a responsabilidade da criação em prol de um futuro grandioso para seus filhos;
4) Não crie filhos apenas para serem melhores que você, mas para que descubram por si só a dureza da vida e como têm que vivê-la;
5) Amar os filhos e considerar discipliná-los como um valor inestimável para sua formação é fundamental;
6) Não peça respostas aos filhos daquilo que você não os ofereceu ou ensinou;
7) Sejam pais comuns e não super-heróis, demonstrem suas fraquezas e limites;
É um desafio criar filhos, não nego que requer um esforço enorme para equalizar esse relacionamento que machuca mais que cura, mas que em suma é um ato sublime, como uma gestação e um nascimento de um ser vivo. Vale a pena todo esforço para tornar nossos filhos melhores e diminuir os impactos físicos, emocionais e sociais que o mundo mal oferece-nos.
Sigamos firmes e fortes.
Um abraço!
JosinaldoM.
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