POR QUE CASAMENTOS ACABAM?

São muitos os casamentos que teem começo, meio e fim e outros que começam depois do fim.

Permita-me fazer algumas ponderações.

Primeira, casamentos são realizados numa atmosfera de amor e cumplicidade pouco vistos em outros acontecimentos da vida. Quando duas pessoas resolvem, voluntariamente, se juntarem no matrimônio escolhem o contrário também, separarem-se de suas vidas solos para viverem uma vida coletiva.

Segunda, Deus criou o matrimônio para que duas pessoas distintas pudessem juntar-se. Ele viu que não era bom o homem estar só. Deus nunca esteve sozinho na eternidade.

Terceira, o casamento é um ato impecável do ponto de vista jurídico e composto de todos os aparatos para garantir à ambas às partes uma vida conjugal "perfeita" e possível. A certidão de casamento tornam ambas as pessoas una, mas não só isso, estabelece compromisso mutuo, respeito mutuo e responsabilidades mutuas.

Quarta, o casamento inicia-se com o "sim" eu aceito, com a lua-de-mel, com os "ses", os “por quês” e os “talvez”.

Quinta, o casamento começa a entrar em loop de realidades. O véu e o vestido brancos são deixados no quarto da lua de mel e as verdadeiras roupas são vestidas. As verdades e dificuldades de uma vida a dois começam então a entrar nos eixos. O sonho do casamento perfeito vai ficando nas entrelinhas do dia-a-dia real e os cônjuges começam a enxergar a realidade além das palavras ditas no ritual.

Sexta, as faturas das promessas começam então a serem cobradas e nem sempre aqueles que “estavam" conosco naquele memorável dia, com exceção de Deus, estão dispostos a nos ajudar à pagá-las.

Sétima, quando confiamos nosso casamento apenas em outros e não em nós mesmos (não que isso seja ruim), somos surpreendidos pelas dificuldades de uma vida a dois e vem junto as intempéries tão comuns à relação conjugal.

Pois bem, a pergunta deste post é por que casamentos acabam? Vamos considerar e refletir sobre alguns pontos.

Porque as promessas de um casamento feliz e “até que a morte os separe” foram feitas na confiança dos outros (testemunhas, padrinhos, pajens, juiz, padre, pastor, etc. e tal), e não verdadeiramente, em nós mesmos. O casamento que começa confiando na luz dos outros, tende cedo ou tarde ficar sem essa luz.

Casamentos acabam quando não conseguimos compreender o quanto ele carece de algo mais que uma "lua de mel" espetacular! Algo mais do que uma satisfação emocional, sexual ou financeira, algo mais que uma bela casa bem mobiliada e uma farta conta bancária, algo mais que umas viagens nas férias de verão no Caribe ou logo ali, algo mais que uma troca de roupa de cama. O casamento precisa de doação mútua e intransferível. Precisa de entrega de si mesmo ao outro na alegria e na dor, na fartura e na ausência, na beleza e na feiura.

Compartilhar o mesmo teto, ser suprido pela presença, ser alimentado pelo afeto, ser respeitado pelo que é etc, é maravilhoso! Quando falta a compreensão do outro às suas necessidades, quando surgem pequenas desilusões que são jogadas para baixo do tapete da alma, quando o cônjuge aposta mais em si próprio do que em ambos, quando não conseguem torcer pelo sucesso do outro sem antes se colocar na dianteira do seu próprio, quando o amor aprisiona até sufocar, quando o contato visual é escasso ou anda perdido por outras paisagens atraentes, quando a comunicação singela e respeitosa dar lugar aos maos tratos verbais e inconsequentes, quando a alegria da chegada não é mais sentida, quando o sexo é o mais desejado e o carinho é secundário... O resultado é um casamento partidário e individualizado. Onde o que importa são os meus objetivos e não o do outro. O cônjuge passa a ser o(a) roubador(a) de sonhos.

Quando passam a depender mais de outros (familiares e amigos) para se manterem sob o mesmo teto, na mesma cama, na mesma alegria, na mesma dor. Num mundo onde se terceiriza quase tudo, o casamento não tem ficado de fora desse escorpo. Se não conseguimos manter a relação, inseri-se "outro(a)" ou "outros(as)" no meio que assume as rédeas. Aí você sabe no que vá dar?

As pessoas que deixamos penetrar no nosso casamento, que não seja para celebrá-lo, começam a destruir nossa relação de fora para dentro. Cuidado com quem você convida para estar junto à vocês.

Arrepender-se de algo é normal! Mas certos arrependimentos causam mais sofrimento que alivio. Ao invés do arrependimento exerça o perdão. Ninguém é perfeito! Quando duas pessoas se magoam profundamente tendem caminhar para a solução mais radical, por fim a dor e não tratar a dor. É mais fácil desistir de algo difícil mas é mais prazeiroso "quebrar o coco" para tomar a água que existe dentro. Às vezes o que falta é olhar para dentro e não para fora. Para salvar um casamento cambaliante é preciso fazer uma biópsia profunda. Sei que nem todos concordaram em andar mais algumas milhas para salvar o casamento mas esse sacrificio é necessário.

Quando não pedimos a Ele que nos ajude, que sustente nossa relação conjugal quando nossas energias ou até mesmo o amor cambaleiam.

Crises todos temos e se você ainda não às tem são uma exceção muito bem-vinda nesse navio nebuloso e cheio de gente tentando remar para frente apesar das fortes tempestades.

Olhe em sua volta. No entorno existem outros tantos casamentos enfrentando crises iguais ou piores que as suas. Alguns desistem outros seguem vencendo e adequando-se á realidade sempre juntos.

Por que casamentos acabam?

Qual a sua resposta?

Abraço com sincero desejo de que seu casamento nunca acabe.

Josinaldo M.