cristianismo & comunismo

De um lado, uma ideologia que tenta transformar o homem em engrenagem.

Do outro, a fé que lembra que cada pessoa tem alma, dignidade e liberdade.

A primazia do cristianismo não é anulada pelo comunismo.

É possível compatibilizar o cristianismo com o comunismo?

É aceitável ser um cristão confesso e ser um adepto do comunismo?

Como cristão me proponho a refletir sobre os pilares do cristianismo divergentes do pilares do comunismo e sua completa desassociação.

A ORIGEM DO CRISTIANISMO E DO COMUNISMO

O Cristianismo nasceu a partir dos ensinamentos de Jesus Cristo, do século I d.C., que foi seguido pelos seus discípulos, os apóstolos, que difundiram a sua palavra após a sua ressurreição. A religião se originou na Judeia, província romana, onde Jesus pregava, e se espalhou pelo Império Romano, apesar das perseguições, até se tornar a religião oficial em 313 d.C. com o Edito de Milão, sob o imperador Constantino. 

O cristianismo é amplamente experimentado no mundo, apesar das controvérsias de interpretação e prática, é quem sustenta com fidelidade os preceitos originais de Deus para o homem e para a sociedade como um todo.

O comunismo nasceu no século XIX, na Europa, como uma crítica radical ao capitalismo industrial e à exploração do proletariado. As ideias foram sistematizadas por Karl Marx e Friedrich Engels no Manifesto Comunista (1848), propondo uma sociedade sem classes sociais, sem propriedade privada dos meios de produção e sem Estado, a ser alcançada através de uma revolução proletária. O termo ganhou força, e a prática comunista na União Soviética, a partir de 1917, promoveu uma interpretação e execução prática que se distanciava das ideias originais de Marx, culminando em um regime de ditadura e burocracia estatal.

DIFERENÇA ENTRE CRISTIANISMO E COMUNISMO

Enquanto o Cristianismo representado por Cristo, liberta o homem do pecado, ensina-o a viver e a prosperar o comunismo enquadra esse homem fazendo dele um ser simplório.

É incomum ao Cristianismo a privação e a detenção da ação humana. Ele não restringe a capacidade humana de crescer e desenvolver-se livremente. O Cristianismo estende a mão ao aflito, ao que tem fome e ao desamparado, mas também sustenta firme a espada da justiça e não distingue quem tem privilégios dos que não os tem. Não cria divisão de pessoas ou classes, não é separatista ou "birrento" com quem prospera do próprio trabalho.

O Cristianismo é incompatível com a injustiça social e seu Mentor (Jesus) foi o maior exemplo de justiça social que viveu no mundo. Os exemplos da Justiça social de Jesus incluem atos de compaixão para com os marginalizados, cura de doentes, defesa de mulheres e apoio as comunidades que partilham recursos para suprir as necessidades de todos. Parábolas como a do Bom Samaritano (Lucas 10:25-37) e passagens como João 8:1-11 (defesa da mulher apanhada em adultério) exemplificam a abordagem inclusiva de Jesus. Ele também incentivou a partilha de bens, a defesa dos vulneráveis e a prática da justiça como um ato de amor a Deus e ao próximo.

O comunismo é uma ideologia nefasta que nasceu para engessar o homem, restringi-lo e ocultá-lo numa caverna, mantido sobre vigilância e controle estatal, afastando o pensamento crítico, retendo a liberdade e satisfazendo seus anseios com uma falsa verdade de que ele é satisfeito quando recebe e não quando entrega.

 A ESSÊNCIA DO CRISTIANISMO É O AMOR

É certamente a essência da fé de Jesus. Jesus diz que dois grandes mandamentos são o resumo da lei e dos profetas:

“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e ao teu próximo como a ti mesmo.” (Lucas 10:27)

Eles estão interligados: não se pode amar a Deus sem amar o próximo.

“Se alguém diz: ‘Eu amo a Deus’, e odeia seu irmão, é mentiroso.”   (1 João 4:20)

Jesus sempre uniu a humanidade e Deus de forma deliberada; ele não nos deixaria lidar com a humanidade separada de Deus, nem com Deus separado da humanidade — não podemos ter o perdão e o amor de Deus enquanto nos recusarmos a perdoar e amar os outros.

A nítida diferença entre o comunismo cristão e o modelo soviético

Como são grandes as diferenças entre o comunismo cristão e o comunismo Soviético. Estão tão longe um do outro como o céu da terra. O comunismo cristão não é uma finalidade independente de si mesma, algo que o Cristianismo se esforce. Não, é o resultado e nascimento de um espírito de amor que respirava na história primitiva da Igreja. Além disso, o comunismo cristão era totalmente voluntário. Eles nunca disseram: "Nos dê tudo: isso nos pertence". Pelo contrário, os próprios cristãos se sacrificavam para que "ninguém dissesse que algo de sua propriedade era seu". Em relação ao comunismo socialista, a divisão da propriedade é uma finalidade em si, que necessita ser atingida a qualquer preço, sem nenhuma consideração. O Comunismo alcança sua finalidade de uma maneira puramente coercitiva. A base deste comunismo não é a liberdade como nas comunidades Cristãs, mas sim a coerção, não há amor que se auto sacrifica, mas sim a inveja e o ódio.

O cristão não pode cair na falsa ideia tão amplamente aceita de que o comunismo de hoje é uma extensão do que ocorria na Igreja Primitiva. O que é feito com amor não pode ser feito por coerção.

É possível compatibilizar o cristianismo com o comunismo?

A diferença fundamental entre o comunismo e o Cristianismo jaz ainda mais profundamente, na ideologia religiosa de ambos. Não é de se estranhar, que os comunistas lutam maliciosamente e obstinadamente contra a fé cristã. O comunismo é na realidade, uma religião fanática, obscura e intolerante.

O Cristianismo é uma religião do Céu, o comunismo, uma religião da terra. O Cristianismo prega o amor a todos, o comunismo prega a luta de classes e a guerra baseada no egoísmo. O Cristianismo é uma religião de idealismo, fundada na Fé da vitória da verdade de Deus e de Seu amor.

O comunismo é uma religião de um pragmatismo seco e racional, que tem como objetivo criar um paraíso terreno.

Portando, respondendo a pergunta mais importante dessa reflexão - é impossível compatibilizar o cristianismo e o comunismo pelo simples fato de serem divergentes (se afasta, se diferencia ou não concorda) e antagônicos (oposto, contrário). Essa tentativa (que parece inofensiva) de imputar ao comunismo o bem comum, tem levado muito bons cristãos a nutrir certo ódio por aqueles que possuem mais bens e desfrutam de uma certa tranquilidade, criando uma confusão mental e existencial profunda.

Acreditar que ambos são compatíveis é o mesmo que acreditar que o céu e a terra são a mesma coisa ou que o bem e o mal são dependentes um do outro, ou que o que Jesus ensinou foi "tirar" do outro e não "dar ao outro".

A pregação do comunismo como "bondade" é maculada por suas ações quando coage e toma ao invés de incentivar o desenvolvimento humano, quando incentiva o ódio de classes, o desprezo por quem produz e se desenvolve.

A prática do cristianismo é o exercício do amor, da compaixão, da renúncia e empatia pelo outro. Não é a prática de uma ideologia produzida na terra mas trazida à terra pelo Salvador e Redentor.

Se você segue Jesus não deve associar-se ao comunismo ou apreciar sua ideologia. Tal prática é pecaminosa.

Um abraço!

Josinaldo M.